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sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

O óbvio ululante

Colaborador Roberto Rocha

As questões ambientais não são somente ambientais. Elas são sociais e econômicas também. Tudo está ligado. Ocorre que só percebemos esta dependência quando sentimos essa realidade na nossa pele, no nosso bolso, na nossa casa, na nossa rua, no nosso trabalho, entre outros. Será que vai faltar água? Será que vai faltar energia elétrica? Só valorizamos aquilo que precisamos e que nos falta na hora de nosso interesse consumista. Fora isso, vamos "empurrando com a barriga". Nossa visão apertada entre antolhos não permite ver o entorno das dependências ecossistêmicas. Fico pensando que enquanto todo mundo fala do excesso de CO2 na atmosfera, esquecem do vapor dágua, muito mais relevante para afetar as condições climáticas. A perda de biodiversidade deveria ser nossa maior preocupação, aliada à conservação da água. Quando se fala de água devemos falar de reservatórios naturais - as florestas - sem desmerecer qualquer outro sistema importante. Mas insisto nas florestas porque elas não garantem apenas uma boa cota hídrica que flue aos poucos para os rios. Elas são a morada de milhões de criaturas que enriquecem o solo e garantem o ciclo vital de cada uma delas. Nos oferecem a umidade e a sombra que ameniza o calor sufocante das cidades de concreto e ferro. Lamentavelmente, seus espaços estão sendo impermemabilizados e ocupados com equipamentos destinados aos humanos, exclusivamente. As cidades são grandes piscinas a ceu aberto. A água não consegue mais se infiltrar no solo. Alaga as residências, interrompe o trânsito, mata pessoas e animais. Também me preocupa o aquecimento dos oceanos e a pesca predatória porque essas nudanças trarão consequencias extremas para a nossa espécie. A questão primordial não está apenas na atmosfera, está na interação com os oceanos, está relacionado às correntes quentes e frias. Os oceanos atuam como reguladores térmicos da Terra. Embora seja, processos mais lentos que aqueles percebidos no ar, eles são tremendamente relevantes. Nessa altura do campeonato os governos deveriam estar dando atenção máxima aos oceanos. Formando especialistas em oceanologia. Mas quem está fazendo isso com seriedade? Quem criou a vida na Terra foram os organismos! E nós estamos centrando nossas atenções na atmosfera. Será que nós estamos equivocados? A quem interessa esse movimento internacional para valorizar o aquecimento global? O planeta já passou por várias alterações em suas composições químicas no passado. e passará por outras no futuro. As mudanças climáticas não são nenhuma novidade na história de Gaia. O que temos de novo é que agora estamos aqui para assistir e fazer parte do jogo. Nos primeiros jogos nós nem existíamos como "gente". Será mesmo que somos tão relevantes com nossas atividades e avanços tecnológicos a ponto de mudar toda uma estrutura planetária que nunca foi estável? É verdade sim - e isso está confirmado; e não precisamos de nenhum painel especializado - que a nossa biodiversidade está sendo desrespeitada e eliminada. Com certeza os serviços ecossistêmicos já estão afetados por conta dessa hecatombe biológica. Esse tema é que deveria estar nas nossas discussões atuais. Os jovens conhecem os nomes do principais jogos eletrônicos mas não sabem identificar os animais e plantas nativas do seu país. A ignorância ecológica é astronômica! Estamos cada vez mais emparedados e não dá para ver o Sol entre os corredores das avenidas principais. Nem mesmo olhamos para o alto. Olhamos para as vitrines, para os bares, os restaurantes e outros componentes artificiais. Estamos nos afastando da relação com a vida, com o que se move, Até para falar está difícil porque nós usamos o celular e os dedos. Ficamos horas concentrados nas telinhas coloridas! Estão nos transformando em bonecos automatizados e obedientes aos sistemas consumistas. A propaganda que o diga! Será que estamos ficando insensíveis ao óbvio ululante? Triste, reconhecer isso. Que futuro podemos esperar?