Colaborador Roberto Rocha
Existem dois tipos de ciclo da água: o pequeno ciclo geoquímico onde a água é retirada, por exemplo, dos oceanos e retorna a ele sem chegar ao continente e nem integrar nenhum ser vivo. O segundo tipo é o ciclo biogeoquímico onde a água chega até o continente e por diversos caminhos “penetra” nos organismos (mata a sede de microorganismos, fungos, plantas e bichos) assim como penetra em nós quando bebemos água. À medida que os seres morrem eles devolvem a água que acumularam em seus corpos. Nós também somos pequenos reservatórios de água (70% do nosso corpo é água). A diferença é que se nós temos que esperar mais de 70 anos para devolver a água corpórea que liberamos na morte, existem microorganismos que vivem apenas alguns dias e liberam essa água também da mesma forma que nós. Imagine alguns bilhões (eu disse bilhões!) de criaturas microscópicas armazenando água no solo e na serrapilheira (chão da floresta)? Já viu uma praia? Voce pode imaginar que ela é constituída de pequeníssimos grãos de areia? No entanto ela se estende por quilômetros e quilômetros! Será que os “pensadores” de soluções para a crise hídrica levam esses dados em consideração? Dessa forma, a biota – conjunto de organismo de uma determinada região – é fundamental para “segurar” a água e evitar que ela volte rapidamente (como sempre faz) para os oceanos, passando primeiro pelos rios e demais caminhos de retorno. Se desejarmos resolver a questão da crise hídrica atuando somente em pequenos pontos dos ciclos (barragens) nós não teremos uma solução eficiente e eficaz. O ciclo da água é estudado em ciências nas escolas mas parece que não é apresentado com a devida relevância e os alunos apenas decoram a lição para “passar de ano” sem conectar o fato à sua própria vida e a de outras criaturas não humanas. A educação ambiental deve prencher esta lacuna de sobrevivência coletiva para que os futuros políticos, prefeitos, governadores e demais representantes públicos percebam a importância dessas lições ecológicas e passem a valorizar as opiniões de especialistas que tratam da vida e dos serviços ecossistêmicos não apenas da água como se ela só existisse num copo, numa lata ou numa caixa; seja de vidro, de barro ou de concreto…
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